A ORDEM DO DIA, ÉRIC VUILLARD, 2017 – resenha do livro

 

Uma história que a cada passo, infelizmente, se torna oportuno lembrar, agora revista com o sabor de uma prosa poética direta e contundente. O conluio dos grandes empresários alemães com o nazismo e a invasão da Áustria. E o que vemos é como tanto o poder do capital quanto o desejo de uma população sedenta de dias melhores acabam por dar sustentação às mais torpes e elementares manobras com que a tirania prepara seu império.

Os Panzer alemães entram na Áustria em 12 de março de 1938


É claro que não faltaram os inocentes e as vítimas, vítimas em grande quantidade e submetidas à mais violenta crueldade. Mas houve também muita conivência e muitos se locupletaram às custas do sofrimento alheio, como é o caso de grandes empresas que ainda hoje reinam no mercado mundial.

Hitler aclamado em Viena, segundo filme de Goebels


Uma história sombria cujo preparo contou com o beneplácito da Inglaterra e da França que, embora tivessem suficiente capacidade, deixaram de agir quando poderiam ter cortado o mal pela raiz
. O exército de Hitler naquele momento era um blefe. Esperaram, e deu no que deu. Achavam que poderiam tirar vantagem bloqueando os russos, o comunismo parecia ser o problema, não o nazismo.

Oficiais alemães e nazistas austríacos riem de
judeus obrigados a limpar as calçadas de Viena


Com tiranos, entretanto, ninguém leva vantagem, todos perdem, é a lição da história que Éric Vuillard nos faz lembrar com o breve e bem urdido relato que percorremos divididos entre o prazer da boa leitura e a apreensão com relação às sombras que ainda estão por aí.


josé luiz do amaral  -  jun 2021

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